segunda-feira, 30 de junho de 2014

Vidas Secas -Graciliano Ramos



Autor
Graciliano Ramos nasceu em Quebrangulo em 27 de outubro de 1892, marcou a literatura brasileira com obras que retratam a vida do homem nordestino no sertão. O escritor fez parte da 2ª fase do modernismo, que teve o regionalismo como principal característica. Em importantes obras, como “Vidas Secas” e “São Bernardo”, é possível perceber o realismo utilizado pelo autor para descrever as dificuldades da vida no sertão. Por ter vivido grande parte da vida no interior de Alagoas, Graciliano conhecia de perto essa realidade.

Contexto Histórico

Graciliano Ramos é o principal ficcionista da literatura brasileira da década de 1930, que se caracterizou pela temática social, focalizando, entre outros, aspectos concernentes ao Nordeste brasileiro, como a seca, o coronelismo e a exploração. Essa tendência recebeu o nome de neorealismo nordestino.
Os abalos sofridos pelo povo brasileiro em torno dos acontecimentos de 1930, a crise econômica provocada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, a crise cafeeira, a Revolução de 1930, o acelerado declínio do nordeste condicionaram esse novo estilo ficcional, notadamente mais adulto, mais amadurecido, mais moderno que se marcaria pela rudeza, por uma linguagem mais brasileira, por um enfoque direto dos fatos.
O romance Vidas Secas, publicado em 1938, consegue a proeza de apresentar de maneira sintética uma visão da sociedade brasileira em seus níveis mais profundos. Há a dimensão social da exploração e da opressão política. Há a dimensão psicológica da repressão, fazendo surgir indivíduos marcados pela introspecção. E há, por fim, a dimensão natural da seca, flagelo nordestino.

Resumo da obra

O livro conta a história sofrida de Fabiano e sua família, formada pela esposa Sinhá Vitória, os filhos identificados apenas como Menino mais novo e Menino mais velho e a cachorrinha Baleia, que caminham sob o escaldante sol do nordeste. Encontram uma casa abandonada e ali se abrigam, na expectativa da passagem do período de seca. A chuva chega, e com ela aparece o patrão, dono da terra, expulsando Fabiano do lugar. Para continuar na terra, o matuto se oferece para trabalhar como vaqueiro. Recebe roupas, animais de criação e alguns produtos para iniciar o serviço, instalando-se em definitivo na fazenda.
Os produtos que a família consumia eram oferecidos no armazém do patrão, mas vendidos por preços altíssimos. Por isso, Fabiano resolve ir comprar algumas coisas na cidade mais próxima. Conhece lá um militar, o Soldado Amarelo, que o convida para jogar baralho. Os dois se dão mal no jogo e o policial desconta em Fabiano, prendendo-o. Ao voltar para casa, encara o mau humor de Sinhá Vitória, inconformada com sua atitude.
A família conhece poucos momentos de alegria e de felicidade, isso se dá, por exemplo, quando o inverno chega trazendo a chuva. No entanto, a ameaça da cheia causa apreensão em Sinhá Vitória. Fabiano sente revolta, que se repete em outros momentos, mas ele sempre se vê diante da necessidade de conter sua fúria. Quando desconfia de erros no seu pagamento, por exemplo, reclama com o patrão em termos que provocam sua demissão. Arrepende-se das coisas ditas, pede desculpas e recupera sua colocação.
As aves de arribação que cortam os céus em certa ocasião funcionam como prenúncios da seca, que está de volta. A família se prepara para nova fuga. Os pais se preocupavam com os filhos, o que seriam deles quando crescessem? O cansaço ia chegando à medida que avançava a caminhada, e assim pararam para um descanso. Fabiano temia o mau agouro dos pássaros que cortavam o céu. Sinhá Vitória estimulava Fabiano, pensavam eles que haveria sim, uma nova terra, cheia de oportunidades, distante do sertão a formar homens brutos e fortes como eles.


Elaborado por: Dayse Moura e Fabiana Antoniucci / PET/LETRAS/UNICENTRO
Toda Poesia – PAULO LEMINSKI

Autor

Nascido em Curitiba em 1944, Leminski estreou na poesia em 1976. Foi poeta, romancista, tradutor, compositor, biógrafo e ensaísta, além de faixa preta em judô. Dentre suas obras destacam-se Distraídos venceremos, Catatau e Bashô. Suas composições foram gravadas por Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Itamar Assumpção. Morreu em 1989 poucos meses antes de completar 45 anos.

Contexto histórico

Na poesia contemporânea brasileira, Leminski equilibrou dois enormes estilos poéticos que rivalizavam na década de 1974: a poesia concreta, de feição mais erudita e superuniformada, e a lírica que florescia entre os jovens da “geração mimeógrafo”. Logo, o autor conciliou em seus poemas tanto a rigidez da construção formal quanto o genuíno coloquialismo da lírica, assim confundido a crítica e por fim edificando sua obra na fronteira das poesias ocidental e oriental. No cenário da poesia contemporânea brasileira, sua obra é tida como erudita e pop, e através de seu percurso sobre a fronteira que o poeta desbravou ela encarnaria também o ultraconcentrado e a matéria mais prosaica.

Resumo da obra

Apresentada por sua ex-companheira Alice Ruiz S, e posfácio do crítico e compositor José Miguel Wisnik, Toda Poesia é uma obra dedicada ao fazer poético da vida de Leminski, composta a partir das publicações seguintes Quarenta, Caprichos & relaxos, Distraídos venceremos,  La vieen close , O ex-estranho . Leminski consegue ser pop e profundo, ágil e delicado, sutil e voraz. Trabalha com brilhantismo e técnica, raciocínio rápido e uma linguagem ligeira, que não admite excessos – cada poema contém apenas o extremo necessário para ser completa em si mesma. Trabalhador árduo da literatura, Leminski admite todo o esforço físico e criativo da escrita, passando longe da frivolidade de quem admite o trabalho poético como simples “expressão da alma”.
Culto e intenso, o autor brinca com as palavras, suas origens e seus significados, como em “overture la vie em close”, poema que integra o livro La vie en close, uma das minhas seções prediletas de Toda Poesia. Vale a pena ler esta obra devagar, abrindo uma página ao acaso e seguindo os trilhos de Paulo Leminski.

Elaborado por: Felipe Soares PET/LETRAS/UNICENTRO