Vidas
Secas -Graciliano Ramos
Autor
Graciliano
Ramos nasceu em Quebrangulo em 27 de outubro de 1892, marcou a literatura
brasileira com obras que retratam a vida do homem nordestino no sertão. O
escritor fez parte da 2ª fase do modernismo, que teve o regionalismo como
principal característica. Em importantes obras, como “Vidas Secas” e “São
Bernardo”, é possível perceber o realismo utilizado pelo autor para descrever
as dificuldades da vida no sertão. Por ter vivido grande parte da vida no
interior de Alagoas, Graciliano conhecia de perto essa realidade.
Contexto
Histórico
Graciliano
Ramos é o principal ficcionista da literatura brasileira da década de 1930, que
se caracterizou pela temática social, focalizando, entre outros, aspectos
concernentes ao Nordeste brasileiro, como a seca, o coronelismo e a exploração.
Essa tendência recebeu o nome de neorealismo nordestino.
Os abalos sofridos pelo povo brasileiro em torno
dos acontecimentos de 1930, a crise econômica provocada pela quebra da bolsa de
valores de Nova Iorque, a crise cafeeira, a Revolução de 1930, o acelerado
declínio do nordeste condicionaram esse novo estilo ficcional, notadamente mais
adulto, mais amadurecido, mais moderno que se marcaria pela rudeza, por uma
linguagem mais brasileira, por um enfoque direto dos fatos.
O
romance Vidas Secas, publicado em 1938, consegue a proeza de apresentar
de maneira sintética uma visão da sociedade brasileira em seus níveis mais
profundos. Há a dimensão social da exploração e da opressão política. Há a
dimensão psicológica da repressão, fazendo surgir indivíduos marcados pela
introspecção. E há, por fim, a dimensão natural da seca, flagelo nordestino.
Resumo da obra
O livro conta a história sofrida de Fabiano e sua
família, formada pela esposa Sinhá Vitória, os filhos identificados apenas como
Menino mais novo e Menino mais velho e a cachorrinha Baleia, que caminham sob o
escaldante sol do nordeste. Encontram uma casa abandonada e ali se abrigam, na
expectativa da passagem do período de seca. A chuva chega, e com ela aparece o
patrão, dono da terra, expulsando Fabiano do lugar. Para continuar na terra, o
matuto se oferece para trabalhar como vaqueiro. Recebe roupas, animais de
criação e alguns produtos para iniciar o serviço, instalando-se em definitivo
na fazenda.
Os produtos que a família consumia eram oferecidos
no armazém do patrão, mas vendidos por preços altíssimos. Por isso, Fabiano
resolve ir comprar algumas coisas na cidade mais próxima. Conhece lá um
militar, o Soldado Amarelo, que o convida para jogar baralho. Os dois se dão
mal no jogo e o policial desconta em Fabiano, prendendo-o. Ao voltar para casa,
encara o mau humor de Sinhá Vitória, inconformada com sua atitude.
A família conhece poucos momentos de alegria e de
felicidade, isso se dá, por exemplo, quando o inverno chega trazendo a chuva.
No entanto, a ameaça da cheia causa apreensão em Sinhá Vitória. Fabiano sente
revolta, que se repete em outros momentos, mas ele sempre se vê diante da
necessidade de conter sua fúria. Quando desconfia de erros no seu pagamento,
por exemplo, reclama com o patrão em termos que provocam sua demissão.
Arrepende-se das coisas ditas, pede desculpas e recupera sua colocação.
As aves de arribação que cortam os céus em certa
ocasião funcionam como prenúncios da seca, que está de volta. A família se
prepara para nova fuga. Os pais se preocupavam com os filhos, o que seriam
deles quando crescessem? O cansaço ia chegando à medida que avançava a
caminhada, e assim pararam para um descanso. Fabiano temia o mau agouro dos pássaros que
cortavam o céu. Sinhá Vitória estimulava Fabiano, pensavam eles
que haveria sim, uma nova terra, cheia de oportunidades, distante do sertão a
formar homens brutos e fortes como eles.