segunda-feira, 30 de junho de 2014

LAÇOS DE FAMÍLIA – CLARICE LISPECTOR


Autora:

Uma escritora decidida a desvendar as profundezas da alma. Essa é Clarice Lispector, que escolheu a literatura como bússola em sua busca pela essência humana. Sua tentativa de transcender o cotidiano revela-se em personagens na iminência de um milagre, uma explosão ou uma singela descoberta. Todos suscetíveis aos acontecimentos do dia a dia. Vidas que se perdem e se encontram em labirintos formados por uma linguagem única, meticulosamente estruturada. E é por essa linguagem que Clarice Lispector constrói uma obra de caráter tão profundo quanto universal.

Contexto-histórico:

Laços de família é o primeiro livro de contos de Clarice Lispector, publicado em 1960. Nele, estão 13 contos, talvez os mais belos de toda a obra da escritora que apareceu para a literatura brasileira aos 17 anos, em 1943, com Perto do Coração selvagem.
Incluï-se entre os melhores livros de contos de nossa Literatura. São 13 contos centrados, tematicamente, no processo de aprisionamento dos indivíduos através dos "laços de família", de sua prisão doméstica, de seu cotidiano.

Resumo da obra:
Laços de família é o primeiro livro de contos de Clarice Lispector. Oito dos treze contos [Devaneio e embriagues de uma rapariga, Amor, A imitação da Rosa, Os laços de família, Feliz aniversário, Preciosidade, Mistério em São Cristóvão e O búfalo] tratam da condição feminina no contexto familiar. Nos quatro contos restantes [Uma galinha, A menor mulher do mundo, Começos de uma fortuna e O crime do professor de matemática], a escrita continua presa ao universo familiar, privilegiando outros membros da família.Todos esses contos são narrados em terceira pessoa, exceto “O jantar” que é narrado em primeira pessoa.
Nos doze contos em terceira pessoa, o foco narrativo caracteriza-se pela onisciência do narrador, que desvenda a interioridade dos personagens através de um movimento ora de cumplicidade, ora de distanciamento em relação a eles. Aparentemente, seus textos costumam apresentar certa facilidade, por seu vocabulário simples e imagens do cotidiano, como de aparelhos domésticos, plantas ou animais. No entanto, em poucas linhas o leitor terá contato com um mundo em que o insólito acontece e invade o cotidiano mais costumeiro, consumindo com a monotonia de personagens de classe média ou mesmo o de seres marginais.
O leitor depara-se com a experiência de Laura com as rosas e o impacto de Ana ao ver o cego no Jardim Botânico. Pequenos detalhes do cotidiano deflagram o entrechoque de mundos e fronteiras, que se tornam fluidos e erradios como o que é dado ao leitor a compreender acerca da relação de Ana, seu fogão e seus filhos, ou das peregrinações de uma galinha no domingo de uma família com fome, ou do assalto noturno de misteriosos mascarados num jardim de São Cristóvão.
E, como se pouco a pouco se desvendasse uma tragédia, o cotidiano dos personagens de Laços de família, cuja primeira edição data de 1960, vai-se revelando como um ambiente falsamente estável, em que vidas aparentemente sólidas se desestabilizam de repente, quando nada parecia acontecer. Homens ou mulheres, os laços que os unem são, em sua maioria, elos familiares ao mesmo tempo de afeto e de aprisionamento.



Elaborado por Tatiane (PET/Letras – Unicentro).

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