(Por Luís Paulo Fiúza)
Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo, Alagoas, em 27 de Outubro de 1892. estréia como escritor em 1933, com o romance Caetés. Dentre as suas obras destacam-se Angústia, Vidas Secas, Memória do Cárcere e São Bernardo. O autor é hoje considerado por grande parte da crítica nosso melhor romancista moderno. Graciliano Ramos faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de Marco de 1953.
A obra de São Bernardo foi escrita em 1934 e pertence à segunda geração modernista, a geração regionalista, porém se distancia das características da sua escola literária, valorizando a tensão psicológica e deixando a denuncia social em segundo plano. A linguagem utilizada em São Bernardo é bastante próxima do coloquial, porém, é delineada pelos códigos gramaticais do código culto.
A história de São Bernardo retrata o interior de Alagoas na década de 20. época em que o narrador, já maduro, lança-se no ambicioso projeto de transformar as terras de São Bernardo. O livro se divide em 36 capítulos que não possuem títulos. Ele é narrado em 1ª pessoa, ou seja, Paulo Honório, personagem principal do livro escreve um livro sobre a sua história, valendo-se das suas lembranças, desde quando era guia de cegos até se tornar o proprietário da fazenda.
Todo o romance envolve a tensão psicológica de Paulo Honório, que se desenvolve em dois planos: o Paulo Honório narrador e o Paulo Honório personagem. Este que nos causa um certo “estranhamento” por ser um herói problemático, buscando o entendimento na avaliação de si mesmo. Movido mais por uma imposição psicológica, Paulo Honório procura uma justificativa para o desmoronamento da sua vida e de seu casamento com a Madalena que se suicida.
O autor personagem então sente uma necessidade de escrever, uma tentativa de compreender, pelas palavras, não só os fatos de sua vida como também a esposa, suas atitudes e seu modo de ver o mundo. Paulo considera-se como alguém simples, não apegado as técnicas narrativas que normalmente considerava sofisticadas. Todo o foco central da ação de Paulo Honório se liga a posse da fazenda São Bernardo e ao relacionamento com Madalena. Paulo Honório acredita que ter é fundamental. Sendo assim tudo será valido para conseguir o seu objetivo.
Na obra São Bernardo Paulo Honório buscou estabilizar-se e ser conhecido. Uma esposa professora seria mais respeitável do que qualquer cabocla comum. Ele imaginou a professora Madalena como uma “menina frágil”e fácil de dominar. Mas ele enganou-se, pois Madalena tem iniciativa, quer trabalhar, ajuda aos outros sem pedir autorização e não dá importância as aparências.
O protagonista sente necessidade de adaptar-se à esposa tenta de tudo, porém, nada dá certo. O grande problema é que os dois são muito diferentes: ele dá mais importância para o “ter” e ela para o “ser”. Madalena acaba se suicidando e Paulo reconhece, parcialmente o seu erro, mas a culpa é jogada aos fatores externos. Quem queria acumular bens acaba acumulando perda, assim Paulo Honório torna-se apenas um ser humano capaz de refletir, mas incapaz de chegar a respostas definitivas.
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