quarta-feira, 12 de junho de 2013

Melhores Crônicas - Rachel de Queiroz

Melhores Crônicas - Rachel de Queiroz

Por Ana Paula Kuchla e Neide Tracz de Cristo da Silva 
(PET-Letras/UNICENTRO)
Contexto histórico
            Inicialmente antes de nos referir a obra,  relevante se torna dizer que no início do século XX, a literatura brasileira atravessava um período de transição. As estéticas literárias (Relismo, Naturalismo, Parnasianismo), muitas vezes se fundiam. De um lado, ainda era forte a influência das tendências artísticas da segunda metade do século XIX; do outro lado, já começava a ser preparada a grande renovação modernista, cujo marco no Brasil é a Semana de Arte Moderna (1922). A essse período de transição, que não chega a construir um movimento literário chmamos de Pré-Modernismo.
            Nesse sentido, deve-se dizer que é entre esse “Pré-Modernisno” e o “Modernissmo” já fixado como movimento literário que as crônicas de Rachel de Queiroz estão inseridas. No “Modernismo”, há uma aproximação com o leitor numa linguagem mais leve e parecida com a oralidade criando certa intimidade apelativa e um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo realismo- naturalismo do século XIX. Como tema, os autores do modernismo optam pelo regionalismo no romance, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, as lutas diárias do trabalho rural, a miséria e a ignorância foram amplamente explorados e evidenciados.
           
Sobre a Autora
            Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, em novembro de 1910. Viveu parte de sua infância na capital do estado e parte, no interior, na fazenda dos pais. Depois da seca de 1915, que atingiu a propriedade famíliar, mudou-se para o Rio de janeiro, onde ficou por pouco tempo, transferindo-se para o Belém do Pará.
            De volta ao Ceará, em 1921, retomou os estudos regulares, como interna do Colégio Imaculada Conceição, formando-se professora em 1925. Ingressou no jornalismo como cronista, em 1927. Em 1930, lançou seu primeiro romance O Quinze que recebeu o primeiro prêmio, concedido pela Fundação Graça Aranha. Em 1931, veio ao Rio de Janeiro para recebê-lo, onde travou contato com o Partido Comunista Brasileiro. Nos anos seguintes, participou da ação política de esquerda, pela qual foi presa em 1937. Sem abondonar a ficção, continou colaborando regularmente com jornais e revistas, dedicando-se à crônica jornalística, ao teatro e à tradução. Foi, durante muito tempo, cronista exclusiva da revista O Cruzeiro. Em 1977, foi a primeira escritora a ingressar na Acadêmia Brasileira de Letras, um grupo que, até então, tinha sido exclusivamente masculino. Raquel de Queiroz vem a falecer no dia 4 de novembro de 2003 em sua casa no Rio de janeiro.

Obra “As Melhores Crônicas”
            “As Melhores Crônicas de Rachel de Queiroz” foi organizado por Heloisa Buarque de Hollanda e reúne crônicas publicads por Raquel de Queiroz em seis livros, abrangendo um príodo que vai de 1948 “A donzela e a moura morta” à 2002 “Falso mar, falso mundo”. Tendo iniciado sua carreira no jornalismo ainda muito jovem, apenas aos 17 anos, se considerava antes de tudo uma jornalista. Dizia, inclusive, não gostar de escrever, fazendo-a apenas para se sustentar.
            Cunpre assinalar que, é através de sua atividade regular na imprensa que Rachel irá produzir grande parte de sua obra. E, dentro da profissão de jornalista, é na crônica, gênero literário que pode ser considerado intermediário entre o jornalismo e a literatura, que ela irá trabalhar de melhor  forma sua escrita. Suas crônicas tratam dos mais variados temas registram lembranças, fatos históricos, opiniões, críticas, indignações e que mais vier à mente da escritora.
            Para melhor entender a crônica de Rachel de Queiroz, deve-se ter em mente o que é uma crônica. Esse é um genênro literário que trata, no geral, de problemas cotidianos, assuntos comuns ao dia-a-dia das pessoas, sendo na maioria das vezes um texto curto. Cada crônica é organizada em torno de um único eixo temático e suas personagens não possuem aprofundamento psicológico e muitas vezes nem possuem nomes. Devido a essas característcas, por muito tempo discutiu-se se a crônica era de fato um gênero literário ou não.
            Porém, a crônica de Rachel de Queiroz apresenta diversas inovações e possuem um caráter experimental, aproximando-a muitas vezes de um conto (gênero literário de textos curtos que apresentam personagens, enredo, narrador). Assim, através de seu experimentalismo literário, Rachel de Queiroz coloca em debate o caráetr litarário ou não da crônica, dando força a esse gênero que muito foi considerado secundário dentro da literatura brasileira.
            Dentre as crônicas escolhoidas para este livro, têm-se grande destaque os tipos regionais e as lembranças que Rachel tem do sertão. Assim, muitas vezes estes textos apresentam um caráter autobiográfico, a medida que são baseados em lembranças e fatos reais vividos pela escritora. Percebe-se também uma linguagem simples como se fosse um diálogo com o leitor, uma característica comum às crônicas. Consegue-se então através dessa aproximação com o leitor uma maior credibilidade ao texto.
            Portanto, por mais que a linguagem empregada por Rachel de Queiroz em seus textos seja considerada “simples” para os padrões litarários convencionais, esta simplicidade é fruto de intenso trabalho técnico e literário. Não só em suas crônicas, mas também em seus romances  e outros textos, a preocupação em escrever de uma “forma simples” é uma característica central de seu estilo. Outra característica importante da escrita de Rachel de Queiroz é a busca por uma linguagem oral e natural.
            Além do sertão, outros temas recorrentes em suas crônicas são o cotidiano carioca – Rachel de Queiroz viveu alguns anos na ilha do Governador e era apaixonada pelo lugar, escrevendo diversas crônicas que tomavam a ilha como tema, reflexões sobre o amor, existem algumas crõnicas em que ela narra aventuras amorosas da mocidade e paixões proibidas, e têm bastante destaque em  temas como o tempo, a velhice e a morte.

Crônicas Representaivas
“ O Senhor São João”
            Nesse texto, a autora usa como ponto central a festa de São João para descobrir certos preconceitos  e esteriotipos mantidos pelos moradores das regiões Sul e Sudeste acerca do Norte e Nordeste. Tendo como ponto de partida a ideia de que no Norte o povo passa o ano todo dançando em uma série de festividades. Rachel de Queiroz trabalha a diferença entre diversos estado e cidades do Norte e Nordeste, dando voz aá riqueza cultural desta regiões. As lembranças da infância no Ceará tem grande importância na construção dessa narrativa.

“Rosa e o fuzileiro” e “Vozes d’África”
            Estes contos fazem parte de uma vasta produção sobre amores impossíveis bem ao estilo Romeu e Julieta. Em “Rosa e o fuzileiro”, Rachel conta a história de uma jovem, Rosa, que se apaixona por um fuzileiro naval e que é violentamente agredida por seu pai, que se opunha ao amor da moça. Alguns meses depois, ela reconta a história de rosa, mas dessa vez sob o ponto de vista do pai, em “Vozes d’África”.

“Pátria Amada”

            Após uma temporada no exetrior, rachel de Queiroz fala sobre a sensação de voltar ao Brasil. Por mais que, ao estar em solo brasileiro, o que mais se quer é ir para e exterior e fugir de toda a bagunça de nosso país, ao se encontrar distante e se deparar com a bandeira nacional, o que se sente é saudade e vontade de voltar para casa. Rachel de Queiroz, em tom nacionalista, também reflete sobre o que é a pátria. O tema do “retorno” (seja ao Brasil, seja à casa, ou seja o retorno à infância) é um tema bastante recorrente em suas crônicas.

“Sertaneja”
         Nesta crônica, o saudosismo e o orgulho de sua terra-natal, o Ceará aparece com grande força para retratar a vida no sertão. O ocorrido passar do tempo em uma cidade como O Rio de Janeiro é posto em contraste com o tempo devagar e sossegado da vida no sertão. Este tema do “tranquilo passar do tempo” é discutido em diversas outras crônicas da escritora.

“Não aconselho envelhecer”

            Rachel de Queiroz traça nessa crônica uma perspectiva sobre a velhice bastante diferente do senso comum. Primeiramente, ela discorda do termo “terceira idade”, e elenca o que considera diversos prejuízos causados pelo envelhecimento, que para ela é como uma “espécie de HIV a longo prazo”.

Suas principais obras são: “O Quinze” (1930), “As três Marias (1939), “100 Crônicas escolhidas” (1958), “Dora Doralina” (1975), “As menininhas e outras crônicas” (1976) e “Memorial de Maria Moura” (1992).


Referências:

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